domingo, julho 29, 2007

A minha fala de amor não tem segredo.

Hilda Hilst
Pegou carona só pra descer na porta dela. Entrou sem bater, foi convidado.Nem passaram da sala. Acendeu o último baseado da noite e o primeiro da manhã. Antes que acabassem já se beijavam bebendo a alma pela boca. Não precisou muito tempo para os dedos acertarem os caminhos proibidos até horas atrás. Chuva fina de leve, só para molhar o dia e deixar na casa o cheiro de terra misturado com o perfume de homem.

Claro-dia, cama-noite, negro-café, parede-verde, passeio-vermelho, sonhos branco e azul. Cores quentes, sabor pitanga e suspiro doce. Praias distantes, amores semi-presentes, fria ilha que se forma no continente.Do lado de lá sonhos paralelos, como se fossem possíveis duas vidas.Do lado de cá sonhos abertos e sinais fechados para aproximação em família. Tudo ganhou muito significado, só tinha certificado de garantia vencido.Para explicar aos outros tivemos que usar palavras. Logo elas que nem estavam sendo necessárias a nós. Falar o quê? Explicar como? Se basta a simples presença, o peito sobre a pele e o cheiro da saliva. É como condenar a descoberta do sexo entre as crianças. Não é feio. Não é sujo. É o corpo vivo.

Lembro que você abraça como eu gosto.Que deitado encaixamos perfeitamente, até o pé. Aí sinto teus dedos entre meus cabelos, tua boca no meu peito e os teus dentes no meu ombro:você dentro de mim, você em cima de mim, você além de mim...

renatamar

Um comentário:

Anônimo disse...

sonhos, cores e sabores
palavras que não calam o sentimento
corpo, praias e amores
silêncio que brada ao quatro ventos
o quanto quero sua boca carnuda
e seu olhar de mistério

# delícia de abraço!