segunda-feira, junho 11, 2007

Mulher é desdobrável. Eu sou.

Adelia Prado

ouço jambos caindo nas madrugadas.
uma grande solidão encontra
algumas mulheres com livros nas mãos.
são senhoras que lêem rosa.
meninas que lêem nietzsche.
fêmeas que lêem dostoiévski.

como ser outra se jamais se sabe o que se é? além da névoa e da noite, o que existe?
a um ciúme amendoado estamos presas.
o que faz de nós porcelana e estrume?
ímã e tarântula?
qual homem ainda amar? Aquele que é veludo e não adaga?
algumas mulheres já nasceram grutas.
por isso escrevem, maternais e cúmplices.
nas tardes de carnaval.

o que uma mulher procura em outra, além da ternura?

antigos medos se enfileiram.
hálitos e árias se confundem.
a felicidade é um pássaro de asas curtas e desejos molhados.

o que nos faz diabólicas
ísis, helenas, electras, medusas, medéias?

inocentada pela delicadeza uma fina chuva cai.
enumero coisas perdidas:
serpentinas, ciladas, armadilhas.
e a lágrima primeira.
quase esquecida.

Marize Castro

tão logo anoiteceu a ampulheta anunciou as 9 LUAS .

Um comentário:

A Dama do Retrato disse...

renata gostei muito do seu blog
da sua arte de escrever
cabeça pensante
flw
glayds