sábado, janeiro 14, 2006

A caverna de Platão

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Chegou em casa e as paredes pareciam frias demais para o ambiente em que desejava encontrar.

Olhou em volta. Ligou a som. Deixou rolar um cd com vozes pra deixar que o ambiente se prencha de palavras.
Palavras para ocupar o espaço vazio do silencio que a pertuba.
Histórias para preencher seu dia tão sem detalhes.

Sentou. Fumou um baseado. E deixou que as horas passasem. Pensou em ligar para alguém. Mas não tinha novidades para contar.Então o que iria falar?

Sentou escreveu algumas palavras. Lembrou que sempre desejou ter uma vida normal. Mas já estava caindo no comum..

Levantou tomou um copo de água. O cigarro acabou!Olhou em volta. Rostos na parede.Luzes acesas por toda a parte para fugir da escuridão.

De repente viu um breve filme passar na sua cabeça: um grupo de homens, mulheres, crianças e velhos na caverna lutando para sobreviver da ventania que assobiava fora na floresta. Despertou a consciencia ! Da mesma forma ela ainda estava buscando aquela mesma segurança.

Agora diferente: casa, computador, avião, carro, estrada..mas a insaciavél busca. A incompreensivel insatisfação.A solidão constante continuavam lhe acompanhando como um (ini) amigo invisivél que você não espera aparecer.

.: Renata Mar :.

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E agora, deixa-me mostrar, por meio de uma comparação, até que ponto nossa natureza humana vive banhada em luz ou mergulhada em sombras. Vê! Seres humanos vivendo em um abrigo subterrâneo, uma caverna, cuja boca se abre para a luz, que a atinge em toda a extensão. Aí sempre viveram , desde crianças, tendo as pernas e o pescoço acorrentados, de modo que não podem mover-se, e apenas vêem o que está à sua frente, uma vez que as correntes os impedem de virar a cabeça.

Acima e por trás deles, um fogo arde a certa distância e, entre o fogo e os prisioneiros, a uma altura mais elevada, passa um caminho. Se olhares bem, verás uma parede baixa que se ergue ao longo desse caminho, como se fosse um anteparo que os animadores de marionetes usam para esconder-se enquanto exibem os bonecos.

[...] Pois esses seres são como nós. Vêem apenas suas próprias sombras, ou as sombras uns dos outros, que o fogo projeta na parede que lhes fica à frente."

:: Platão, República, Livro 7::

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