domingo, julho 30, 2006
Acêita Ação
Pagando o prêço
Do prazer de não ter pressa
Mesmo que alguém peça
Construímos uma peça
sem falsos atores
sem fingidas dores
E à cores
Materializando utopia
Aquela que tanto pedia
e ria
...por duvidar
Ah sim, acêrto!
Assim acêito ter fome
Assim...
Acêito!
::: Ney Hugo :::
sábado, julho 29, 2006
Calcei teus sapatos...
Calcei teus sapatos, como disse que jamais desejaria.
Calcei teus sapatos e te convidei para dançar, mas dancei sozinha. Sabia que a música era só minha, ainda assim, calcei teus sapatos e inventei melodia, como disse que não mais faria.
Calcei teus sapatos e me fiz menina que inventa passo, que dança solta, que desatina, calcei teus sapatos e dancei leve e linda como imaginei que não mais seria.
Calcei teus sapatos e estendi os braços mesmo sabendo que os teus não estenderias, calcei teus sapatos e rodopiei como pensei que não mais saberia.
Calcei teus sapatos e esperei teu abraço que faria de mim a bailarina que sonhei, mas tu não a querias.
Então tirei teus sapatos e segui descalça, como sempre soube que seguiria.
sexta-feira, julho 28, 2006
quarta-feira, julho 26, 2006
um tanto de porto, um tanto de céu
Havia em ti o sal de todos os mares por onde eu sempre quis navegar e tuas mãos me falavam de ondas, de conchas, de peixes sonhados. Havia em ti um tanto de porto, um tanto de céu, um tanto de naufrágio e teu sopro abriu minhas velas e me deu o norte. Eu, nau à própria sorte, ao sem fim ou à morte, me lançei ao mar.
...............Ticcia....................segunda-feira, julho 24, 2006
Á um amor poti
gosto da
tua pele na minha boca.
Baía,
seus dedos deslizam como ondas sob minha pele.
Dunas,
teu corpo amanhecido pela luz dourada do sol.
Farol,
olhos que iluminam minha imensidão.
Ponta,
que aproxima nossas vidas.
Negra,
cor da tua alma.
( Plena de todos os sentidos
me entrego ao nosso momento:
que tem a duração de um passeio
que acontece entre palavras e paredes
que é único e raro
que é segredo! )
::::::::::::::::: Renata Mar ::::::::::::::::::
Texturas
sou costurada com a linha da ambigüidade,
vestida de discursos de calar.
Não procure em mim suas verdades
minha bainha não foi feita,
toco em todas as texturas.
Minha cor não foi eleita,
sou camaleão sem cura.
Sou verso de intuição,
pergunta possível,
tentativa de explicação.
Meu verso é repleto de possibilidades,
não possuo seqüência,
não possuo métrica.
Sou cúmplice da dualidade,
rima anacrônica perdida na realidade.
Não te preocupes em me decifrar.
.................. Gabriela Marcondes
sexta-feira, julho 21, 2006
terça-feira, julho 18, 2006
Rosas Cor-de-Ontem
1.
Ele gostava de filmes de plástico. Preferia o ensurdecedor vazio ao falatório difícil, a fumaça aos noturnos de piano, o arco-íris ao perder da cor. Vivia assim feito letreiro néon, piscava na multidão, fugaz. Quem passava nunca o via, mesmo que ele escandisse as ruas como poema pós-moderno. Quem passava e, por ventura, o via, não ignorava o cabelo despenteado e a pele branca (era daqueles que detestavam o mar a praia os coqueiros, preferindo os arranha-céus e as sinaleiras). Efêmero como uma bailarina de areia ao vento, não sentia perfume algum. Exceto o dela, aroma de rosas.
2.
Ele catou-a pelo braço (suspirou ao não sentir espinhos cravando seus dedos) e perguntou mil coisas, das quais ela apenas entendeu aquilo que se referia a filmes preto e branco. Ela passou o braço pelos seus ombros e despejou daquele sorriso de ontem nos olhos dele (era daquelas que entendia o sorriso como chave para todas as portas, especialmente as antigas). Ela falava em tons de cinza e ele respondia sorteando cores. Ela dizia preto-preto-branco, ele, envergonhado, pincelava amarelo-vermelho-azul-lilás. Riram cor de entardecer e foram até o apartamento dele (era daqueles apartamentos-veludo, aconchegante. Faltava uma rosa no vaso ao lado da televisão).
Ele disse para ela, à meia luz e meia, que azul-roxo-anil-ela-parecia-um-anjo-caído. Ela, fechando os olhos e umedecendo as pétalas, respondeu branco-branco. Anoiteceram abraçados. Ela sonhou com maçãs vermelhas (era daquelas que raramente sonhavam em cores) e ele com a crucificação de um desconhecido (era daqueles que raramente sonhavam). Amanheceram estranhos um ao outro. Ela beijava-lhe a face e pingava orvalho em sua boca; ele a bebia entristecido, sabia que nunca preto-branco haveria de se encontrar em azul-lilás-vermelho-amarelo.
3.
Ela murchou desamparo-querer-ficar. Sentia aquele vento frio do outono enquanto ele falava coisas assim das quais ela não entendia nada. Ela tentava beijar-lhe, mas as pétalas gosto de sal atrapalhavam, metiam-se entre as bocas. Ele buscava-a nos olhos, tentava explicar que o outono sempre vem, mesmo que assim, quando não se quer. Ela insistia que branco-branco; ele, juntando as pétalas, respondia amarelo-verde-roxo.
Ela ainda precisava de tempo (era daquelas que chorava até secar). Ele vestiu-se de vez e abraçou-a nunca-mais. Ela deitou-se de bruços, a cabeça enterrada no travesseiro soluçando preto-preto (brotavam espinhos em seus lábios); foi então que ele viu, nas costas nuas dela, as cicatrizes do que pareciam ser asas de anjo arrancadas à força. Deixou a porta aberta ao sair.
segunda-feira, julho 17, 2006
sexta-feira, julho 14, 2006
Feliz desaniversário!!
Pode até parecer lugar-comum, mas o 'chapeleiro maluco' que Alice encontrou é que está certo .. temos que comemorar também nossos desaniverários ..
Pra mim o aniversário não passa do significado de uma data específica no ano em que "comemoramos" uma mudança numérica: o dia em que mudamos um - às vezes dois - algarismos naquele número que dizemos quando perguntam a nossa idade. O tal número, no meu caso, virou um majestoso "21". Mas, sinceramente, não sou mais nem menos do que na semana passada, quando ele ainda era "20".
Alguma coisa está sempre mudando, todo dia. Todos os dias compartilho alegrias, lágrimas desbotadas, sorrisos sinceros, conversas francas, gosto da vitória, o amargo da derrota, o gozo, afetos e poesias . No percusso que faço, renasço a cada dia, corro junto a liberdade , caminho junto ao amor, pulo obstáculos e atravesso turbulentas paixões.. Isso me faz mudar 365 dias por ano .. então partilho da idéia do 'chapeleiro maluco' . Um dia de aniversário. 364 desaniversários. E todo dia comemoro a vida!
quarta-feira, julho 12, 2006
Abobrinhas Não
Vou consultar escarolas
Prefiro escutar salsinhas
Pedir socorro às papoulas
E às carambolas
Pedir um help ao repolho
Indagar umas espigas
Aprender com pés de alho sobre bugalhos
Ouvir dicas das urtigas
(...)
:: Itamar Assumpção / Alice Ruiz ::
terça-feira, julho 11, 2006
Estrela do mar
Olharam-se.
Foi um olhar material, como se os raios invisíveis emitidos por cada um se misturassem no ar, fundindo-se, encorpando-se, tornando-se palpáveis. E ao olhar mútuo seguiu-se o sorriso, também de parte a parte.
Começou assim. Estavam ambos num país desconhecido, num universo distante de suas vidas, por motivos diferentes, que não tinham qualquer importância.
O olhar foi mútuo, mas foi ela quem se aproximou. Era talvez mais atirada do que ele. E o olhar e o sorriso se transformaram em palavras. Estavam à porta de um ônibus de excursão, cercado de uma algaravia de diversas línguas, e aquela massa de sons estranhos se fechou em torno deles como se os abraçasse, indulgência plena que lhes era anunciada. Sabiam que aquele era um território neutro, onde tudo poderia acontecer.
Na praça, o cheiro de iguarias exóticas impregnava o ar. Mulheres de turbantes coloridos conversavam num dialeto desconhecido, com estalares de língua que pareciam falar de sabores, gostos. Eles acharam graça naquilo. Só eles, ninguém mais.
Sorriram.
Em torno, as construções tinham em suas paredes o tom ocre do deserto, e as janelas em arco deixavam entrever pedaços de vidas, histórias, na penumbra das casas. A praça fervilhava de gente e, em meio aos temperos e hortaliças, vendiam-se também bugigangas, antiguidades, pratarias, panelas. Aquele universo caótico os convidava. Misturados à multidão, deixaram-se arrastar pela torrente de sons, cores, formas, distanciando-se do grupo.
Tocaram-se.
Suas mãos amoldaram-se uma à outra, dedos, pele, palma que pareciam fundir-se como haviam feito pouco antes seus olhares. Aquelas mãos tinham uma história própria, uma história sábia, antiga, independente deles. Não se largaram mais.
Entrelaçadas, as mãos levaram-nos a passear pela feira, pela praça, pelas ruelas em torno. Entrelaçadas, conduziram-nos de volta ao ônibus, de onde saltariam depois. Naturalmente juntas, levaram-nos através da porta do hotel e escadas acima – para o quarto.
Amaram-se.
Amaram-se sabendo – tinham perfeita consciência disso, o tempo todo – sabendo que seu amor estava circunscrito àquela hora e lugar, que uma vez cessado o momento seria impossível tentar revivê-lo.
Sabiam.
Tentar seria um erro. Fora dali, aquele amor seria uma estrela-do-mar, que brilha como prata contra a areia do fundo, mas que, retirada da água, perde o viço, a cor, o brilho – morre em nossas mãos.
............. Heloísa Seixas
domingo, julho 09, 2006
Essa vontade que não passa ...
que é que tem se te desejo, se não posso mais te esquecer ? "
a vontade de te encontrar.
Se isso foi o que nos aproximou,
agora é o que não posso revelar!
não lembro mais o que foi dito -
o que está claro!
Por enquanto..
só essa vontade que não passa ..
.. esse cheiro ao meu redor ..
.. vestígios de sua presença ..
.. pensamentos fora de ordem ..
Por enquanto ..
o abismo entre os corpos,
a boca seca,
a garganta presa,
o vinil fora da vitrola
e essa vontade que não passa ..
..................Renata Mar
Borboletras
sábado, julho 08, 2006
(Des) Aparecida
Desconsolada e descontrolada.
Desafiadora. Despreparada.
Desinformada.
Destruidora, desmotivada.
Descontente e desconfiada.
Desaparecida desde quinta.
:::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::: Renata Mar
sexta-feira, julho 07, 2006
Esta que chegou em minha vida ..
Eu cheguei em minha vida sem que soubesse de onde vinda nem porque demorei tanto. Então a vida me mandou flores.
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Um suspiro e o ar do mundo todo me pertence e cabe em mim uma desmesura de limites, um abarcar de firmamentos, uma envergadura de oceanos. Trago o cheiro de todas as marés que te lamberam os pés, de todas as luas que pratearam tua pele, de todos os sóis que teus olhos já viram. Sou eu e todas as mulheres, reinventada a cada instante maior, mais bela, mais ampla. Em mim cabem eu e todas as coisas porque eu me invento e desinvento cada vez que meus olhos piscam e enxergam um mundo vasto, mais vasto, mais vasto ainda. Há assombro e espanto nas pontas dos meus dedos e sorrio um estilhaçar de felicidade. Já não me pertenço, nem me oriento. Sou toda amplidão.
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quinta-feira, julho 06, 2006
E por que haverias de querer minha alma na tua cama?
........ Hilda Hist .................
quarta-feira, julho 05, 2006
Tema da auto-ajuda
Só visite quem quiser
Não diga o que não quer
Não precisa traduzir
Tudo o que não entender
Só beba o que gostar
Transe quem você querer
Peça o que necessitar
Ajude a quem merecer
Seja o que tiver que ser
Ninguém manda em você
Só goste se esse alguém
Gostar e sentir também
O que tem para falar
O que tem para fazer
Cobre o que te pertencer
Não dê o que não é seu
Mostre o que de melhor tem
Sendo o que você quer ser
terça-feira, julho 04, 2006
Numerologia
Dezenas de palavras
declaradas,juradas,
anunciadas.
interpretados, forjados,
retalhados.
Milhares de idéias
surgidas, meditadas,
esquecidas.
Bilhões de coisas
inexpresivas, imaginadas,
inesperadas.
Infinito
desconhecido -
tudo que pode
existir no mundo!