sexta-feira, setembro 28, 2007

silence

when I think I am two
I find me in many all (others), beyond me.

renatamar

....

as palavras disseram o que não soubemos ser. sensação de abortamento.

quarta-feira, setembro 26, 2007

Talvez o amor seja apenas o reconhecimento do prazer.

Honoré de Balzac

Sim, foi rápido
como só sabe ser
o inesperado.
Sim, foi bom
como podem ser
as surpresas.
Sim, conforta
o corpo
sua presença.
Sim, eu quero mais
como você pensa.

-.-.- renatamar

terça-feira, setembro 25, 2007

mais outro novo olhar

nem a água salgada de meus olhos se comporta naquele horizontal virtuoso de moderação. se pudesses compreender o que seguro em mim, verias que é justamente a ausência de contrapesos que me faz tão assentável, mutavelmente equilibrada. me refugiar em verticais de piruetas e aberturas.


segunda-feira, setembro 24, 2007

do armário pra caixa postal

"... um tempo paralisada como quem espera os dias florir para sair. pôr a cara na rua. há tempos que planeja coisas que de hora em hora mudam. há tempos avista o tempo, ora deixa correr noutras se deixa levar. há tempos ouve uma voz baixinha falar de si consigo. a tempos sonha ter asas pra voar e raiz pra ficar. há tempos pensa em separar as múltiplas de si pra ter paciência. faz tempo que conta nos dedos os anos. chora pra acalmar a alma. se serve da ironia da dor. há tempos coleciona amigos invisíveis. há tempos escreve segredos de seus amores. tem tempo que conta história. tem tempo que apaga da memória. tem tempo registrado em retratos. há tempos marcados nos mercados. há tempos o tempo é passatempo carimbado em cartão postal."

renatamar

quinta-feira, setembro 20, 2007

é!


(...)
eu vou dizendo
só deixo minha alma
só deixo meu coração
na mão de quem pode
fazer dele erótico suporte
pra tudo que for ótimo fator vital.

katia b.

- assino em baixo.

segunda-feira, setembro 17, 2007

ela dá meia volta

eu giro o disco de Samba
ela dá meia volta
posso ter dinheiro
ou ser companheiro
isso não importa
quando eu erro na escolha de um Samba
ela erra minha porta

cabobruno

domingo, setembro 16, 2007

quatro operações

alguém
pra segurar a mão.

pra faxina da casa e da alma.
pra xingar e beijar.
alguém
pra ficar a sós.

pra dividir as compras, a cama e as contas.

renatamar

quinta-feira, setembro 13, 2007

face a face

seu nome esqueci sim
só dói quando
chamo por mim.


º º alice ruiz

quarta-feira, setembro 12, 2007

razão


... aí me calo
tonta, me embriago
e do meu olhar se lançam
flechas envenenadas
garras afiadas.
instintos se afloram
em sentidos periféricos
silêncios se prolongam:
corpo-manifesto.

renatamar

terça-feira, setembro 11, 2007

perfume (de pitanga)

não gasto uma gota
do meu perfume com você.

não gasto o meu tempo,
paixão, sentimento, dinheiro
ou lamento.

não deixo de comer, durmir,
sonhar, sorrir, crescer.

eu quero viver.
eu quero viver.
e pra isso eu não preciso de você.

(...)

já foi-se o tempo em que você
era prioridade no meu tempo
pensamento
no meu querer.

luísa guedes

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porque ela é companheira de comida na mesa, café no fogão e violão na mão. voz solta. música atrevida. certeza de presenças abençoadas. noites seguidas de dias. manhãs banhadas no lago e no mar. encontro de santos, deuses e orixás. tambores, teclas e cordas. dividimos o mesmo quintal e jardim. amiga das alturas e pinturas coloridas.

segunda-feira, setembro 10, 2007

página virada

" Estava bêbada de si.veio a ressaca. Sóbria, então, passou de pouco a sorver os outros. As roupas, os gestos, a alegria alheia à toa,os detalhes que faziam de cada um algo único e interessante, como ela queria ser. Colhia amostras e se reconstruía, como um quebra-cabeças de retalhos. Cores e texturas diversas - algumas combinavam, outras não -, tecidos de origens distintas - de lugares onde nunca esteve, outros de onde não quer jamais estar, outros de onde estaria se pudesse - muitos pedaços iam se juntando, formando a nova pessoa que gestava, a nova versão de si mesma. Feita de completudes e lacunas, dela e dos outros. (Ab)sorvia o mundo e se (re)formava. Seria a mesma, mas diferente. Assim se vira uma página, continuando o livro."

maya

quarta-feira, setembro 05, 2007

pequena

era ainda jovem demais para saber que a memória do coração elimina as más lembranças e enaltece as boas e que graças a esse artifício conseguimos suportar o passado.

gabriel garcía márquez

terça-feira, setembro 04, 2007